[Grupo] Acessibilidade para idosos — Uma ferramenta para auxiliar em todos os seus momentos na internet

Andrezza Andrade
6 min readJun 7, 2021

Um estudo de caso de como criamos uma nova funcionalidade para melhorar a experiência dos idosos que usam Android no seu dia.

O DESAFIO

Nosso grupo recebeu o desafio de “Como melhorar a qualidade de vida de idosos que moram sozinho” no bootcamp de UX Design da Tera.

O desafio podia abranger várias formas diferentes de resolução de problema, com isso buscamos mais informações sobre o problema em si para encontrarmos os caminhos em qual deveríamos seguir.

DESK RESEARCH

Inicialmente, buscamos entender e destrinchar alguns conceitos do desafio: 1) O que é qualidade de vida? 2) Quem é a pessoa idosa? 3) O que significa morar sozinha? Para entender melhor esses conceitos realizamos uma desk research para conhecer melhor o nosso público, suas particularidades, estilo de vida, dores e desafios. Com isso, descobrimos alguns dados muito importantes que nos ajudaram a avançar com o projeto e resolução do problema.

1. A população idosa cresceu

A população atual de idosos representa 14% da população brasileira. Em 2020 esse grupo passou para 29,9 milhões. A população de idosos aumentou pouco mais do que 11 vezes em comparação aos últimos 70 anos, onde tínhamos uma população de 2,6 milhões de idosos no Brasil.

2. Idosos mais inseridos no meio digital

58% dos idosos possuem acesso à internet em seus smartphones e 85% das pessoas acima de 55 anos já utilizaram a internet para algum tipo de pesquisa de produto ou serviço.

3. A pandemia encadeou esse aumento

Os idosos foram um dos grupos mais afetados durante a pandemia, por isso muitos deles tiveram que aprender a usar tecnologias para continuarem interagindo com seus amigos e familiares na segurança de suas casas.

4. 7 em cada 10 empresas acreditam que idosos não usam tecnologia

Mesmo encontrando dados que facilitam a visualização e a grande quantidade de público com maior interesse no meio digital, 70% das empresas brasileiras acreditam que esse público não acompanha as evoluções que acontecem no cenário tecnológico.

EXPLICANDO O CENÁRIO DO DESAFIO

Durante a pesquisa, decidimos delimitar o nosso público em idosos entre 60 a 74 anos. De acordo com a OMS idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. Entendemos que as diferentes faixas etárias possuem necessidades e dores distintas, em razão disso acreditamos que delimitar a idade do nosso público nos ajudaria a entender pontualmente suas necessidades e dores a fim de trabalharmos numa solução mais efetiva.

A partir dos dados coletados na Desk Research, realizamos um roteiro de pesquisa qualitativa para entender algumas informações com mais profundidade. Optamos por não realizar uma pesquisa quantitativa, porque gostaríamos de entender com mais profundidade o nosso público.

USUÁRIO

Realizamos 12 entrevistas qualitativas com idosos entre 60 a 74 anos e encontramos alguns pontos de dores, necessidades, inspirações e oportunidades em comum. A partir disso, realizamos uma matriz de informações com os principais informações das entrevistas.

Persona

A partir dos dados coletados na Matriz de Informações, estruturamos quem é a nossa persona: “José — o curioso” e entendemos suas necessidades, dores e frustrações.

Persona do projeto “Google MI” (Google Melhor Idade)

DETECTANDO OS PROBLEMAS

Após a construção da persona, entendemos quais eram as principais dores e necessidades em diversos setores: saúde e bem estar, facilitação do uso de tecnologia, sociabilidade no meio digital e segurança na internet.

Posteriormente, colocamos todas as possíveis soluções dos problemas detectados em uma Matriz de Esforço/Impacto e percebemos que todas as nossas soluções estavam interligadas a uma dor que identificamos ser latente:

“Como podemos ajudar idosos a se sentirem mais seguros no mundo digital”

Percebemos que os idosos não utilizam todas as possibilidades oferecidas no meio digital porque se sentem inseguros, como por exemplo, fazer compras online ou cair em golpes na internet.

Como poderíamos em uma Matriz de Esforço/Impacto

Jornada do usuário

Para entender um pouco mais sobre o dia a dia do nosso usuário e sua dor dentro do mundo digital, criamos uma jornada exemplificando um golpe realizado por WhatsApp e sinalizamos algumas oportunidades.

SOLUÇÃO

Sendo assim, para trazer mais segurança e confiança na navegação, desenvolvemos uma melhoria na acessibilidade no sistema operacional Android — Google MI (Google Melhor Idade) com foco em auxiliar o idoso. No WhatsApp o sistema identifica links suspeitos, fake news e em navegadores, avisamos sobre sites seguros para compra, sites suspeitos ou qualquer notificação que possa ajudar nosso usuário no decorrer de sua jornada em “locais” perigosos no mundo digital.

Escolhemos o sistema Android, pois é o mais utilizado pelos brasileiros e tem um melhor custo benefício.

TESTES DE USABILIDADE

Realizamos testes com 7 pessoas.

Nos primeiros testes simulamos uma tela do WhatsApp, onde o usuário recebia uma notificação com um link suspeito. O objetivo do teste era identificar se o usuário identificaria o alerta de mensagem suspeita em sua conversa. Sendo assim, elencamos uma tarefa para tentar entender se os usuários conseguiriam de fato:

  1. Acessar a notificação do WhatsApp com o suposto link suspeito;
  2. Visualizar o link suspeito;
  3. Identificação da barra de alerta.
Protótipo usado para realizar teste de usabilidade.

Percebemos que parte usuários que realizaram o teste, demoraram para identificar a barra de alerta em cima da mensagem, sendo que alguns sequer chegaram a identificá-la. Durante o teste os usuários tinham a liberdade de nos contar como se sentiram ao realizá-lo e alguns deles, inclusive, acharam que o alerta sobre links suspeitos já era algo existente nos seus celulares (consideraram o alerta uma mensagem positiva para sua jornada).

Desta forma, como parte das pessoas que realizaram o teste não percebiam a notificação de alerta em vermelho na parte superior da interface, decidimos criar um segundo alerta que ficasse mais visível na tela em cima da mensagem enviada.

Posteriormente, após essa mudança no lugar do aviso de alerta na tela, realizamos novos testes que nos mostraram que os usuários perceberam a notificação de alerta rapidamente. Já que eram obrigados a “pausar” a jornada no momento em que um aviso era mostrado em suas telas.

Para isso, criamos mais um tipo de notificações — chamado “sempre alerta”. Assim os usuários poderão escolher o tipo de aviso que preferem conforme seu modo de uso e necessidade.

Telas de configuração do Google MI

Pensando em melhorar a experiência do nosso usuário, decidimos por criar um local para que pudesse configurar quais notificações desejasse.

Para isso, tentamos entender qual local poderia se encaixar tal tela no sistema Android. Vimos em configurações as opções de Acessibilidade, porém sua complexidade poderia mais dificultar do que ajudar nesse momento.

Criamos assim uma tela de configuração apenas para o Google MI, levando as opções de configurações de notificações da assistente. Lá também temos opções adicionais de ajustes de tamanho de fonte e tamanho de exibição de tela.

Considerações finais

O projeto foi desenvolvido em grupo, todos os processos passaram na mão de todos os integrantes. Tivemos auxilio do Felipe Carriço em algumas mentorias durante a jornada do desafio.

Com esse desafio aprendemos que mesmo com o crescimento da população idosa, muitas empresas ainda não estão olhando para esse público com a atenção necessária. Também identificamos que existem várias oportunidades de negócio, considerando as necessidades e dores que listamos durante esse artigo.

Integrantes

Andrezza Andrade: LinkedIn

Augusto Brandão: LinkedIn

Henrique Moura: LinkedIn

Letícia Frade: LinkedIn

Patrícia Suzano: LinkedIn

Yara de Omena: LinkedIn

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